sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EXPOSIÇÃO DAS OBRAS: “MITOLOGIA MARINHA” DE FRANKLIN CASCAES

            Aconteceu no dia 12 de agosto de 2013, nas dependências da Escola Básica Municipal Alexandre Pfeiffer, a exposição das obras: “Mitologia Marinha” de Franklin Cascaes, promovida pelo SESC/SBS em parceria com esta Unidade. Para essa exposição contamos com a mediação e a intervenção da Professora de Artes, Silene Xavier Rosa de Sousa, que com dedicação e competência conduziu os trabalhos deste grande artista catarinense em nossa Escola.
É através dos traços e das linhas de Franklin Joaquim Cascaes que o descobrimos, um homem apaixonado pela poética Ilha de Santa Catarina. Nasceu no dia 16 de outubro de 1908 em Itaguaçu. Com sua morte, em 1983, nossa sociedade perde um de seus mais criativos artistas populares.
            Sua obra possui um caráter sui generis, pois Cascaes pode ser caracterizado tanto como um pesquisador das coisas da terra, um “registrador cultural”, comprometido com o seu mundo e o seu tempo.
            No conjunto, a sua obra – esculturas, desenhos e registros escritos – expressa preocupação relacionada às conseqüências trazidas pela “Madame Modernidade”, que com o seu lado avassalador, ameaçava transformar o cotidiano daquelas comunidades que ele tanto conhecia e amava. Era uma ameaça, segundo seu ponto de vista, para com as coisas do passado, com a tradição.
            Cascaes vivencia na sua obra, as práticas culturais de seu tempo, além de registrar suas lembranças desde criança sobre as histórias, algumas fantásticas, descreve costumes da época, como o de trabalhadores que ganhavam por jornada de serviço prestado, os quais eram denominados “jornaleiros”.
            As conversas dos jornaleiros abrangiam não só o mundo conhecido, como as receitas  culinárias e as cantorias de trabalho, mas enveredavam rumo ao mundo sobrenatural e fantástico, como personagens como o curupira, boitatás e bruxas.
            É na infância que demonstra aptidão no manejo da cerâmica, com a elaboração de pequenos bonecos. O desejo de ser artista é despertado na adolescência.
            Por volta de 1953, na Semana Santa, ao esculpir figuras bíblicas nas areias das suas tão encantadas praias, é que seu talento é reconhecido pelo Diretor da Escola Industrial, Cid Rocha Amaral.
            Com o passar dos anos crescia seu desejo de retratar todas as experiências de sua infância. Em 1946, já casado com Elizabeth Pavan Cascaes, o artista inicia seu trabalho de recopilação das coisas da nossa cultura, contanto sempre com a presença de sua esposa que segundo ele o auxiliava o quanto pode.
            Os materiais utilizados na sua obra foram distintos, folhas avulsas, blocos e cadernos de anotações, onde elaborava seus desenhos que ora retratavam os motivos pesquisados, produzidos a grafite, esferográfica ou mesmo manquim. Tais registros também eram configurados em argila ou gesso.
            Quanto aos desenhos, estes partiam de estudos quase sempre o grafite, permitindo hoje conhecer a gênese de uma obra, as etapas implicadas neste processo.
            Os temas abordados por Cascaes são tão diversos, tratando de questões cotidianas que dizem respeito à sobrevivência das pequenas comunidades, como os registros das farinhadas, pescarias e receitas culinárias, até temas transcendentais, de natureza profundamente religiosa ou de ordem mitológica, como as procissões ou os causos de embruxamento.
            Sobre Franklin Joaquim Cascaes muito se tem falado sem, no entanto, existir um consenso. Ora o chamam de artista, ora de pesquisador ou de cientista, ou organizador de nossa cultura popular. Alguns o tratam como um mito, um bruxo ou um folclorista. Para nós o adequado é trata-lo como sintetizador de uma cultura, que vivenciou e registrou de maneira ímpar.
             Esta exposição promovida pelo SESC é uma relevante ação cultural, com abrangência estadual, tendo em vista sua itinerância pelo Estado de Santa Catarina. Oportuniza ao Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da Universidade Federal de Santa Catarina levar à sociedade catarinense parte do seu patrimônio cultural.
            A Coleção “Professora Elizabeth Pavan Cascaes” foi doada em vida pelo artista, no ano de 1981. O Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral desde então tem sob sua responsabilidade a guarda e preservação deste acervo.
            Quanto à apreciação estética desta exposição, permite que sejamos arrebatados por um mundo mágico e surreal, habitados por seres risonhos que uma vez mais revelam o homem, vinculado à natureza, singelo e preocupado com o “planeta terráqueo” como Franklin Joaquim Cascaes costumava chamar o planeta terra.